sexta-feira, 30 de junho de 2006

Amor Azul



Este céu assim Azul
sem mais nada que a cor Azul
foi feito para esta paisagem
foi feito para este não pensar.
De mãos dadas e passo lento
nós em frente ao mar
que era um pedaço de céu
assim Azul.
Não falámos, sentimos.
No ouro daquele silêncio
juntámos um mar de fantasias
com um céu de sonhos
e ficou um Azul de ternura.
Uma gaivota passou bebendo o azul,
o mar cantou mais alto,
o céu ficou maior
e nós sem saber
se éramos céu
se éramos mar
se éramos nós…


dedicado a L.

Refúgio


Horta - Faial
Foto by Anticiklone

Se a terra treme e o mar se agita no meu peito,
Se a chuva cai e os rios saltam do seu leito,
Se a lua corre anunciando tempestade,
Os meus sentidos são verdade...
Quando cá dentro, ao despertar dos velhos mitos,
Os ventos sopram e as gaivotas soltam gritos,
A raiva brota e não pode ser contida,
A tua falta é mais sentida...
Em ti descanso, em ti meu corpo encontra abrigo,
Por ti renasço, apenas porque estou contigo,
Porque tu és o meu refúgio a minha calma
Tu és o meu remédio d' alma...

Aníbal Raposo

O Mar


Foto by Vasco Ribeiro

E eu aqui fui ficando
só para O poder ver
E fui envelhecendo
sem nunca O perceber
O Mar

Terras de Lava


Capelas - S.Miguel
Foto by Anticiklone

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Tatuagem


Tatoo Woman - by Elena Vasileva

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti
Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar
Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim
Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão
Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti
Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar
Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim
Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão

Mafalda Veiga
dedicado a L.

Lisboa Comvida


Foto by Henrique Antunes

Amor Perfeito


Foto by Nadya Kulagina

Fecho os olhos
Para não ver passar o tempo.
Sinto a tua falta...
Anjo bom, amor perfeito
No meu peito.
Sem ti fico desfeito...
Então vem, que eu conto os dias
Conto as horas para te ver
E não consigo esquecer-te.
Cada minuto é muito tempo sem ti
Por isso vem
Que nos meus braços
Esse amor é uma canção

adaptado de R.C.
dedicado a L.

Sou Eu



Quem te vê partir
Quem te vê chegar
Quem chama por ti
Antes de chegar
Quem te conta histórias
Para adormecer
Quem te acorda
Antes do sol nascer
Sou eu…
Quem te fala de viagens
Sempre à aventura
Quem te põe em verso
Como uma pintura
Quem te vê perder
Quem te vê ganhar
Quem fica com frio
Se não te esperar
Sou eu
Sou eu com a mão perdida
No teu cabelo
E a voz esquecida
No teu tornozelo
A falta que me fazes!


Diogo Mello Caiado
dedicado a L.

terça-feira, 27 de junho de 2006

Bom dia...gosto de ti

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Woman in Black


Foto by Careca

A Ti


Foto by Graça

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluir de tinta espessa e farta
e passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.
Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.
Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.
Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

António Gedeão
dedicado a L.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Sinto Falta de Ti


Foto by Olga Popova

Sinto falta do teu perfume,
Sinto falta do teu olhar perto do meu,
Sinto falta dos teus abraços.
Sinto falta dos teus lábios a tocarem nos meus,
Sinto falta da tua companhia,
Sinto falta de ti perto de mim,

Sinto falta das tuas mãos nas minhas,
Sinto falta de adormecer contigo
de acordar ao teu lado.
Sinto falta de te abraçar,
de te apertar contra mim.
Sinto falta de sonhar contigo.
Sinto falta de ti.


dedicado a L.

Read My Eyes


Foto by Vladimir Boroev

Mar


Foto by Rui Bonito

Que alguém grite o que eu sinto, para que o mundo o saiba.
Que alguém me leia, como um livro,
que me saibam ver, e estudar.
Decorem o meu rosto, cada linha,
o meu corpo, cada traço
o meu ser ...devagar.
Que alguém me grite, grite esta angústia
de não poder dizer.
Que alguém fale, fale deste meu mar
E segrede baixinho, dos meus lábios aos teus
esta vontade imensa de te amar.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Nómada


Pôr do Sol 50 milhas a Oeste do Faial

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que não se pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Adaptado de Álvaro de Campos

Concha


A minha casa - Canal Faial/Pico

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fachada de marés, a sonho e lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
A minha casa. . . Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.


Vitorino Nemésio

Ilhas de Bruma

Ausência


Foto by Paulo Almeida

Não se exila o coração.
Antes de partir deixamo-lo suspenso no alto de uma falésia
Debruçado para o mar
E ele continua batendo
Aos acordes do vento e das marés
E tão ajustado ao corpo que lhe pertence
Que a única distância possível entre eles
Será sempre a do tempo que medeia
Entre a ausência e o regresso.

Hugo Santos

terça-feira, 20 de junho de 2006

A propósito de ontem...


Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti, Gosto de ti,

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Beijo




Não posso deixar que te leve
O castigo da ausência,
Vou ficar a esperar
E vais ver-me lutar
Para que esse mar não nos vença.
Não posso pensar que esta noite
Adormeço sozinho,
Vou ficar a escrever,
E talvez vá vencer
O teu longo caminho.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.
Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim.
Não posso deixar de sentir-te
Na memória das mãos,
Vou ficar a despir-te,
E talvez ouça rir-te
Nas paredes, no chão.
Não posso mentir que as lágrimas
São saudades do beijo,
Vou ficar mais despido
Que um corpo vencido,
Perdido em desejo.
Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Pedro Abrunhosa
dedicado a L.

Enquanto Dormes


Foto by Andrey

Dizer toda a verdade enquanto dormes
mesmo se a confessei quando desperta
tem sabor ainda a mais verdade
pois tens todas as portas mais abertas.
É como se ao postigo me encostasse
e ele de mal fechado me sorrisse
e lá dentro uma palavra entrasse
e num murmúrio aquela porta abrisse
Dormindo assim em paz
deixo-te o bem e o mal,
e o que a vida fizer de nós.
O silencio envolve os passos da certeza
que transporta as confissões mais arrojadas.
Que são boas -já sabias- mas agora
semearam-te surpresas na entrada.
A força das palavras vem das estrelas
ou de algo mais além para lá do céu.
Quando dormes acompanho a luz das velas
que te contam mais segredos do que eu.

Luís represas
dedicado a L.

Luz da Noite


Farol de Pemaquid

Vento Norte


Faial
Foto by Anticiklone

Vento Norte
Vai e volta aqui.
Traz notícias de lá
E diz-me, a sério
Confirma-me, depressa
Que nunca viste
Em nenhum outro lado
O mar tão azul que tens por aqui
Este céu tão estrelado
Não existe por aí.
Deita-te aqui, descansa,
Fica um pouco comigo,
Quero abraçar-te
Com a força da esperança.


Gabriela Silva

Ilhas de Bruma


S. Miguel
Foto by G Almeida

Névoas da Madrugada


Foto by Alberto Calheiros

A noite já vai longa
e amanhece, não tarda
Antes de ser manhã,
há-de ser, Madrugada
Oiço cantar a fonte
na pedra molhada
Na calma do meu monte,
amanhece, não tarda
Névoas da Madrugada,
são água pr'a mim,
são espelho em que a alma,
se vê,
a correr,
no jardim

Pedro Ayres Magalhães e José Peixoto

Azul Profundo


Foto by Natalija Skubilina

Um Amor Puro



Tudo o que há dentro do meu coração
Tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer.
E a tua história, eu não sei
Mas diz-me só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem
é teu e de mais ninguém
Adoro-te em tudo,
Quero-te mais que tudo,
Amar-te sem limites
Viver uma grande história
Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul
Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro

Djavan

Gosto de ti

domingo, 18 de junho de 2006

Falta



Sonhei ontem contigo
e desejei não mais acordar.
Quero-te aqui comigo,
não me quero limitar a sonhar…
pois há tanto que não te vejo
e não te consigo esquecer.
Bastava-me de ti um beijo
para continuar a viver.
Sonhei ontem contigo
e quero ter-te comigo
quando acordar pela manhã.
Quero ter-te aqui
para te poder amar,
mas enquanto não chegas amor,
vou continuar a sonhar…


dedicado a L.

Luar de Junho


Foto by Anticiklone

És a minha doce lua,
Num olhar de menina mulher,
Sentida na madrugada nua,
Nos silêncios do meu querer...
O meu desejo mais sonhado,
No interior do meu coração,
Reflexo do teu olhar encantado,
Na melodia de uma canção...
Sentida no deslumbramento,
Da Lua meiga dos namorados,
Musa de um vivido momento,
Quando ficamos abraçados...
Olhar fixo no horizonte.
Vivo um sonho encantado,
Que ilumina os meus dias,
Num vôo nunca imaginado,
No universo de todas as magias!
Revivo uma certa entrega,
Revelado no teu doce olhar
numa noite de luar...
feita para namorar.

dedicado a L.

Terras de Lava


Pico - Nascer do Sol

Retrato da Menina Insular


Foto by Clovis Nascimento

Tinha o tamanho da praia
o corpo era de areia.
E ele próprio era o início
do mar que o continuava.
Destino de água salgada
principiado na veia.
E quando as mãos se estenderam
a todo o seu comprimento
e quando os olhos desceram
a toda a sua fundura
teve o sinal que anuncia
o sonho da criatura.
Largou o sonho nos barcos
que dos seus dedos partiam
que dos seus dedos paisagens
países antecediam.
E quando o seu corpo se ergueu
Voltado para o desengano
só ficou tranqüilidade
na linha daquele além.
Guardada na claridade
do olhar que a retém.


Natália Correia

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Força 7

Fado da Ilha Navio


Foto by Anticiklone

Tenho alma de marinheiro
É livre o meu pensamento
Anda solto no mar alto
Voa nas asas do vento
Ouço tocar mil guitarras
Que ao longe fazem sinais
Para cortar as amarras
Que me prendem neste cais...

Eu cá por mim metia velas na Barrosa
A proa à Ferraria e sem demora
Punha esta ilha, dentre todas a formosa
A navegar sem rumo certo p'lo mar fora
Quem me dera ir de abalada
Por mares e continentes
Levar comigo este povo
Ir conhecer outras gentes


Anibal Raposo

Regresso


Foto by G Almeida

As furnas são nossas.
As pipas do vinho são nossas,
As carroças do peixinho nossas,
O leite das tetas que ordenhamos,
As pontas com poucos faróis,
Os caminhos seculares mal calçados.
Os chafarizes com um tapete de bosta quente cheiram bem.
Vamos revoltar as ilhas: eu tenho lá ossos de pai e mãe
Sujo seria se não acudisse ao chamamento


Vitorino Nemésio

Ilhas de Bruma


Baía de Sta. Iria - S. Miguel
Foto by Luís Anselmo

terça-feira, 13 de junho de 2006

Mensagem de uma manhã de Junho

Descobrir



Descobrir é assim:
Vai-se andando
De praia em praia
Do olhar ao gesto
Do sonho à certeza.
Depois de uma duna um sonho,
Depois de novo o mar
E o sol a rir-se.
Às vezes pensa-se que é o começo
Mas logo com incerta certeza
Do que se sente,
Finge-se a verdade
Fazendo crer na mente
Que é apenas atenção e amizade.
De quando em quando falamos dos outros,
De mar conchas e gaivotas,
Para acreditar
Que o caminho é só caminho,
Que é só um passeio.
Mas há sempre mais para além do que sabemos
E quanto mais andamos
Mais juntos nos vemos.
Continuamos assim
Devagarinho, aos poucos
E quando já nem sabemos
De onde partimos,
Por fim descobrimos que afinal é amor
Aquilo que sentimos.


de Anticiklone para L.

sexta-feira, 9 de junho de 2006

Read My Eyes

terça-feira, 6 de junho de 2006

Se Tu Existes



Não interessa se faz frio
já nem sinto a minha pele,
sinto o peso de estar preso
e querer ser-te fiel.
Acabaram-se as loucuras
com quem tanto aprendi,
começaram as ternuras
que contigo conheci…
Há um lugar dentro de mim
que só existe por ser p’ra ti,
quero-te amar tempos sem fim
desde o momento em que te vi.
O meu coração bate por nós
se tu existes, ele existe em ti
e desde então sou tua voz
e grito ao mundo que te descobri.
Tu sem mim ficas perdida
eu sem ti não sou ninguém,
só nos fica uma saída:
a força que o amor tem!

Rodrigo

Gosto do teu pescoço

Hoje


Foto by Alberto M

Há um silêncio medido
que decresce, interrompido
pela noite caindo.
Há uma música tocando
e uma voz cantando:
“havia lume aceso e um lugar para mim”
Há uma rosa florindo
Crescendo devagarinho
Entrelançando dois seres.
Há uma memória de momentos
e inquietos pensamentos.
Há sementes de carinho,
e ternura aos molhinhos.
Há uma rua tão calada,
galos que não cantam,
televisões desligadas.
Há um homem sem sono
numa cama macia e quente
e uma mulher ausente...

Força 7

segunda-feira, 5 de junho de 2006

Ilha


Lagoa das Furnas - S.Miguel Foto by GAlmeida

A ilha acorda sempre cansada
A espreguiçar-se
Tonta e esverdeada
À espera do sol.
Espreitando com calma
A luz dá-lhe a alma
E aviva-lhe a cor.
Está a ilha toda coberta
De flores e musgos
Há festa nos matos
E os bichos nos pastos
Ficam a olhá-la mudos.
A beleza espanta
E aqui nesta terra
Onde quase tudo encanta
Cada passo é uma aventura
Daquilo que não se procura
Porque nos espera, já.
Pináculos de verde e azul
Lagoas de tons diversos
Um mar calmo e transparente
Fazem crer que não há céu
Ou então, se ele existe mesmo,
Foi aqui que deus
Decidiu manifestar-se um dia


Gabriela Silva

domingo, 4 de junho de 2006

Ilhas de Bruma


Terceira

Read My Eyes

Recordação


Foto by Vovazenhya

Sentei-me
apoiei meus braços
e olhei em frente
vi a cor doirada do sol poente
gaivotas brancas
tristes
levantam vôo
poisam sobre as águas
falam-me de ti
em soluços de água
rebentando em mim
e a imensidão da areia
como a minha ideia
não tem cor
nem fim!...

dedicado a L
(adaptado de Maria B. Ferreira)

Tentação


Foto by Vadim Daniel

Vénus lançada à praia pelo mar inquieto
Inquietas os meus olhos, sátiros cansados
Vem de ti uma luz que o sol não tem
E sozinha povoas o areal.


Miguel Torga

Woman in Black



Quando olhares para o céu
E vires um cometa passar
Sou eu que te guio
Nas noites de luar
Quando estiveres triste
Escuta o mar
Pois sou eu que te canto
Para a tristeza afastar
Quando estiveres com medo
Recorda o amanhecer
Pois sou eu que brilho
Mesmo que o sol esteja a desaparecer
Quando precisares de alguém
Podes contar comigo
Pois desde que te conheci
Munca mais deixei de gostar de ti


dedicado a L.

sábado, 3 de junho de 2006

Querer



Sozinho no escuro
Jamais quero viver.
Só quero sob o teu olhar
Poder adormecer,
Quero que sejas a última
Que vejo ao deitar,
Quero ser o primeiro
Que vejas ao acordar.
Quero nadar contigo
Através do azul do mar
Quero encontrar um abrigo
Onde sem medo te possa amar.
Quero que todo o breu do mundo
Se transforme em belo branco.
Quero que sejas minha,
Meu Deus quero-te tanto.


(dedicado a L.) JTC