Foto by Anticiklone
Não sei exprimir o silêncio profundo
...nós Açorianos, não temos medo que o mar nos alague nem que a terra nos engula, porque é certo que a Terra é curta... e o Tempo mais curto ainda.
Íamos quase no final de Abril...os dias corriam já ensolarados e no ar sentiam-se os aromas da nova estação.
Aquele miúdo porém andava inquieto, sobressaltado, quase desesperado.
Correu quintal acima galgando pedras e sebes, na direcção que só ele sabia e percorria todas as manhãs dos últimas semanas.
Depois parou, afastou uns ramos, olhou, procurou mas nada.
Desanimado já ia regressar quando subitamente...ali estava!
Bem escondida entre a folhagem como se quisesse fugir à cobiça dos homens.
Era perfeita, grande, bela, pura...
O miúdo contemplava estarrecido a primeira flor daquela roseira secreta que floria só para ele.
Agora sim, chegara o presente que religiosamente oferecia todos os anos, no primeiro Domingo de Maio.
Foto by Jorge Alves
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança
nessa abóbada celeste,
onde a nossa alma descansa
a sua última esperança...
Estrela que me nasceste
quando a vista mal te alcança!
Antes nascesses mais cedo,
estrela da madrugada,
e não já noite cerrada...
Que até no céu mete medo
ver essa estrela isolada...
Antes nascesses mais cedo.
estrela da madrugada!
João de Deus
Foto by José Dâmaso
Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o voo dum pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado enevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que ideia gravitais? —
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Foto by a&r
Escrevemos o nome no céu
Com mil passos de dança por dar
E mostraste-me um mundo só teu
Com promessas de ir e voltar
Trouxeste tanto que me querias contar
Sobre as cidades que há no fundo do mar
Estamos tão perto de estar tão longe
Como dois loucos na madrugada
Se me dás tudo, ficas com nada
E abrem-se janelas em nós
Acendi as palavras na pele
Em tatuagens brilhantes de azul
E pousaste-me um beijo fiel
Em telhados de vento e de sul
Para L.
Pedro Abrunhosa
Finalmente tu!
Alma sensível que percebe a minha.
Encontramos-nos.
Tudo tão especial!
É como o contacto de duas substâncias que quando acontece, provoca transformação.
Brota em nós a descoberta da identificação.
Física e emocional.
Economizamos o nosso tempo, pois um segundo juntos é o universo.
Vivemos a entrega e a magia do amor total.
Um amor onde não dá para ser metade que se completa, mas inteiro que se encontra.
Nada é às avessas
Mas esperado, sentido.
Conversar sobre tudo e qualquer coisa parece não saciar.
Queremos sempre mais e mais.
Amor sem dependência, apenas essência.
Amor que não aprisiona.
Liberta.
Amor namoro, delicioso.
Experimentamos a magia do amor maduro.
Nada puro.
Vivemos o impacto espiritual do amor.
dedicado a L.
Kátia Christofoletti
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim
Sophia M.B. Anderssen
Tenho o amor maior que tudo.
Aquele, que te deixa mudo, quando é preciso falar.
Que deixa ansioso, quando é preciso acalmar.
Aquele amor do frio na barriga.
Que delícia!
Tenho um amor sim!
Aquele amor gostoso, do sorriso aberto e coração batendo descompassado.
Que provoca todas as sensações ao mesmo tempo.
Faz sorrir o tempo todo e não esconde o brilho no olhar.
Vivo um amor gostoso.
Aquele que faz parar para sonhar com o momento da chegada, e sofre antecipando o momento da despedida.
Aquele amor que só quer estar junto.
Sinto esse amor gostoso sim!
Um amor malicioso, do abraço gostoso.
Aquele que tudo pode.
Um amor maduro, nada puro!
Tenho esse amor.