domingo, 6 de novembro de 2005

Exilada

Metade de ti é fria…
metade de ti é quente…dizes que vais temperando.
Já não vestes a tua camisola de lã muito grossa
e caminhas pela beira d’água.
E fica em ti nesse caso,
fica em ti o pressentimento dos dias longos
imensamente longos e até dormentes.
Vives no calor subterrâneo da cidade grande,
no centro da terra…a ferver.
Passam-te o Ás de trunfo por debaixo da mesa
e ficas com o jogo todo.
Mas sei que sabes, sabes que sei
que passas as noites a reinventar os dias,
a navegar no escuro.
Os teus sonhos ardem, sei que ardem…
sonhas em caminhar pela beira d’água
com a tua camisola de lã muito grossa,
em voltar para o teu jogo de ternos e quadras.
Reina talvez a tranquilidade na cidade toda,
guarda os sonhos para quando acordares.
A noite não é um bicho de sete cabeças…nem a noite,
por isso se te olharem nos olhos no escuro, de repente…
pode ser que não seja o lobo mau!