domingo, 6 de novembro de 2005

Ilhas de Bruma

Ainda Sinto os pés no terreiro
em que meus pais bailavam o pezinho,
a bela aurora e a sapateia
é que nas veias corre-me basalto negro
e na lembrança vulcões e terramotos.
Se no falar trago a dolência das ondas
o olhar é a doçura das lagoas
é que trago a ternura das hortênsias
no coração a ardência das caldeiras.

Trago o roxo, a saudade, esta amargura
só o vento ecoa mundos na lonjura
mas trago o mar imenso no meu peito
e tanto verde a indicar-me a esperança
é que nas veias corre-me basalto negro
no coração a ardência das caldeiras
o mar imenso me enche a alma
tenho tanto verde a inundar-me a esperança.
Por isso é que eu sou das ilhas de bruma
onde as gaivotas vão beijar a terra.

Manuel Medeiros Ferreira