domingo, 5 de fevereiro de 2006

Velho Preto


Velho preto que caminhas na berma da estrada
Os anos pesam mais que o caminho.
O teu passo é incerto e o teu rumo perdido
Não há futuro, só passado
E nem isso te incomoda...
Nada te envergonha...
A tua bengala é um pau,
Torto e arquejado,
Retorcido e decrépito como a tua aparência...
Os carros passam por ti como o tempo,
Indiferentes,
Frios,
Trocistas,
Desdenhando em sorrisos daquilo em que te tornaste...
Aquilo que és...
Encetas um dialogo com ti mesmo;
Barafustas e protestas,
Esbracejas agitando tua bengala no ar;
Nada no mundo é teu
Nem mesmo o teu mundo...
Velho preto que caminhas na beira da estrada
Continuas errante,cambaleante por entre o transito,
Divagas...sem que mais ninguém repare,sem que mais ninguém queira reparar
Até que alinha do horizonte te consuma e suma
Adeus velho preto...

João Natal