quinta-feira, 23 de novembro de 2006

A Casa do Lago


Fajã do Ginjal - S.Jorge
Foto by Rui Vieira

Há uma casa num lugar acastelado
Num ermo deserto e rodeado de pinheiros
Onde morrem as arribas e se inclinam os outeiros
Sobre um lago sombrio prateado
É lá que moram os meus sonhos
barcos antigos abandonados...
Com o lago vão sendo assoreados
em sucessivas camadas de milénios
Os afoitos pescadores que deambulam
Por entre tais sombras quixotescas
Devolvem o limo à fresca terra
Como o lago escurecido a cor das nuvens
Assim devolvo ao lago os meus olhos
Que se espraiam num horizonte enevoado
Ouvindo os cantos de sereias de outrora
Do tempo dos palácios que sonhara
Há segredos ondulantes na maré
Há brisas que desfraldam velas gastas
O Sol arrasta as caravelas
Para um novo milénio de Saudades
Nos tempos das Novas Descobertas
As caravelas são pensamentos à conquista
Da inspiração e da sua fantasia
Da fé e daquilo em que a alma Acredita
A baía da casa dos meus sonhos
É encruzilhada de partida e de regresso
Num lago de cor plúmbea e agreste
Velas brancas vão rendilhando as ondas
Assim partem de novo as Esperanças
Assim regressa o Sol ao Coração
eixo no lago estas lembranças
Que serão limo dos futuros que virão...

Carlos Silva