domingo, 4 de fevereiro de 2007

Cidades Crepusculares



Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida,
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada,
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado.
Por vezes
uma gaivota pousava nas águas,
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
nos dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
Esperei sentado à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
e assim envelheci...
Um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta...
Inclino-me de novo para o mapa deste século
e recomeço a sonhar ou a dormir
tanto faz,
sempre tive certeza que as cidades crepúsculares existem

adaptado de Al Berto