segunda-feira, 8 de maio de 2006

Provocações





Davas-me nomes pequenos, como se a maré os trouxesse todos os dias.
Fazia parte de ti essa vontade de ser diferente em tudo, de teres uma particularidade qualquer nas tuas coisas…até no amor.
Chamavas-me de amorzinho, manel, meu homem, garanhão ou simplesmente gajo…às vezes até me tratavas por você!
Era sinal de carinho e intimidade…sei que nunca me tratarias por “meu gajo” se não me admitisses na tua intimidade.
E eu retribuía: eras a minha maria, minha gaja, boazona, ás vezes minha esposa, outras a outra.
Degladiávamo-nos com estes gestos de amor, nestes códigos secretos e excitantes que representavam uma sintonia inacessível aos outros. Só nós conhecíamos a chave e o seu significado…quais olhares entre amantes.
Um dia éramos você para cá, você para lá, noutro já éramos manel assim, maria assado. Era tudo conforme o ambiente, era o nosso teatrinho.
Sei que gostavas disto, de chocar…
Lembro-me de estar contigo a comprar roupa para o teu sobrinho e tratares me por garanhão, ou da cara da tua mãe no casamento da tua irmã, quando nos chamava-mos de “meu gajo” e “minha gaja”. Ou então da admiração dos nossos amigos quando à noite no café nos tratava-mos por você!
Tudo isto eram códigos, tudo isto era amor, tudo isto eras tu e era eu…
(dedicado a T.A.)