Este o povo que nasceu no mar. Veio-lhe o sangue
do sal. Suas veias boiaram outrora
entre cabeleiras de algas e fungos de basalto.
Abriu-se-lhe a boca no remoto esquecimento
dos búzios. Memória são as conchas desertas
o calhau rolado arenoso silêncio sobre rocha.
Gerado talvez entre o grito enfermo das baleia
se o rasto dos navios. Pois este o povo
se (re)conhece entre areia e mar
no preciso instante em que a pedra
e o corpo se tocam e amam
a água
E por isso os peixes
nos atravessam os olhos
a nado
Viajam entre nós
e a certeza do corpo.
João de Melo